A Cavalgada à Pedra do Reino é um dos eventos mais emblemáticos do sertão pernambucano, celebrando a história e a cultura de São José do Belmonte. No entanto, sua consagração como um dos grandes eventos culturais do estado se deve, em parte, a uma figura ilustre: Ariano Suassuna. O renomado dramaturgo, escritor e defensor da cultura nordestina esteve presente na cavalgada graças ao empenho do escritor e historiador belmontense Valdir Nogueira, que teve a audaciosa missão de convencer Suassuna a participar da festividade.
Em 1995, quando a Cavalgada à Pedra do Reino realizava sua terceira edição, Valdir Nogueira percebeu a importância de estreitar os laços entre o evento e a obra de Ariano Suassuna. Afinal, a cavalgada era inspirada no Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, uma das maiores obras do escritor paraibano, que mistura história, lenda e mitologia sertaneja.
Naquele período, Suassuna ocupava o cargo de Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco. Valdir Nogueira, conhecendo a importância de tê-lo como apoiador do evento, sugeriu à Associação Cultural Pedra do Reino (ACPR) que fizesse o convite oficial. A expectativa era grande, afinal, Ariano era conhecido por sua seletividade em eventos e por sua rígida defesa da cultura autêntica do Nordeste.
Para a surpresa de muitos, Suassuna aceitou o convite e compareceu à cavalgada naquele ano, sendo recebido com grande entusiasmo pelo povo belmontense. A presença do dramaturgo trouxe uma nova dimensão ao evento, conferindo-lhe ainda mais prestígio e visibilidade dentro do cenário cultural do estado.
A partir dessa participação histórica, a Cavalgada à Pedra do Reino começou a ganhar novos contornos. Suassuna, encantado com a festa, sugeriu a inclusão de elementos que resgatassem ainda mais as tradições ibéricas e sertanejas. Atendendo a esse pedido, em 1996, Valdir Nogueira idealizou a inserção dos personagens da cavalhada dentro da cavalgada, fortalecendo o caráter épico e histórico do evento.
Essa mudança consolidou a cavalgada como um espetáculo único, misturando fé, cultura popular e literatura. O evento passou a contar não apenas com os cavaleiros que seguiam em romaria até a mítica Pedra do Reino, mas também com apresentações teatrais e performances inspiradas no imaginário do Movimento Armorial, criado pelo próprio Ariano Suassuna.
Graças à iniciativa de Valdir Nogueira, a Cavalgada à Pedra do Reino recebeu o reconhecimento e o respaldo de um dos maiores ícones da cultura brasileira. O encontro entre Ariano Suassuna e os cavaleiros belmontenses foi um marco na história do evento, garantindo-lhe um lugar de destaque no calendário cultural de Pernambuco.
Hoje, a cavalgada segue crescendo, mantendo viva a tradição iniciada por seus idealizadores e eternizando a memória daqueles que, como Valdir Nogueira e Ariano Suassuna, acreditaram na riqueza do sertão e na força do seu povo.
A história de Valdir e sua conexão com Ariano nos mostra como a cultura se fortalece quando há paixão, dedicação e reconhecimento das nossas raízes. Seu esforço em trazer o mestre Suassuna para a cavalgada foi um ato de amor pelo sertão, pela história e pela tradição que se renova a cada ano nos caminhos que levam à Pedra do Reino.
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